Topa ou Não Topa (A farsa)

Lendo o regulamento para os participantes do programa Topa ou Não Topa comecei a entender porque o senhor Senor Abravanel, também conhecido por Sílvio Santos é tão rico. Mas vamos por partes.

O primeiro ponto ridículo do regulamento é a forma como são escolhidos os participantes. Não, você não precisa comprar o Carnê do Baú nem tampouco estar em dia com suas mensalidades. Basta preencher um cadastro no site. Simples, não? Nem tanto.

As fichas de cadastro serão avaliadas e não sorteadas como poder-se-ia imaginar. Avaliadas, mas como? Calma porra, já vou explicar. Melhor ainda, copiarei os "critérios para a avaliação inicial" do próprio site: capacidade para enfrentar desafios, espírito de competição, desenvoltura e nível de escolaridade.

Se vocês acharam que esse critérios tornam a seleção parecida com uma disputa por uma vaga de emprego ainda não viram nada. "Os candidatos que forem selecionados deverão se submeter posteriormente a uma entrevista". Agora só falta a dinâmica de grupo. Não, não tem dinâmica de grupo.

Depois de todo esse processo elitista que vai fatalmente excluir boa parte da população de baixa renda ainda há supresas aguardando aqueles que passarem pela entrevista, que avalia simpatia, capacidade de comunicação, criatividade, espontaneidade, capacidade para enfrentamento de riscos e tomada de decisões, desenvoltura e aparência. Sim, o processo também discrimina os feios.

Me senti tentado a copiar o item 3 do regulamento, mas vou tentar resumi-lo. Os candidatos selecionados participarão de programas pilotos, recebendo por isso um cachê, sendo que o prêmio que vier a ganhar no programa será "meramente ilustrativo". Caso a emissora resolva colocar seu programa no ar, ela pode "a seu único juízo e liberalidade, atribuir efetivamente ao candidato participante o valor dos prêmios que figurativa e simbolicamente havia conquistado". Ainda tem mais: "O candidato convidado somente poderá receber o prêmio previsto no regulamento do programa, se alcançado o limite mínimo de 90 % (noventa por cento) de meta pessoal que por ele for declarada e estabelecida na oportunidade de sua participação".

Que piada! Quer dizer que os safados podem colocar meu programa no ar, o Brasil inteiro achar que ganhei um milhão e se a emissora "a seu único juízo e liberalidade" resolver NÃO me dar o prêmio tudo bem. E mesmo que eles se sintam bondosos e resolvam me dar o prêmio, preciso ter atingido 90% de minha meta pessoal. Que porra de meta pessoal é essa?

Até na hora do entretenimento somos feitos de palhaço, enquanto eles enchem o rabo de dinheiro dos patrocinadores graças aos pobres telespectadores (me incluo nessa). Melhor assistir ao horário político, afinal esse já assistimos sem acreditar em nada mesmo.